A Fé em Portugal
Cidade do Vaticano (Quinta-feira, 13-05-2010, Gaudium Press) Na última terça-feira, 11, durante o vôo para Portugual, como de praxe, o Papa Bento XVI concedeu entrevista aos jornalistas presentes no avião. Entre os assuntos comentados pelo Santo Padre estiveram o patrimônio da fé cristã em Portugal; o “dualismo falso” entre economia e ética; e a necessidade da penitência dentro da Igreja.
Em relação à fé em Portugal, o pontífice afirmou que ela sempre foi “corajosa, inteligente e criativa”. E agora, segundo o Santo Padre, a fé deve encontrar uma síntese e um diálogo profundo e de vanguarda com a cultura moderna. “Sem o patrimônio espiritual a cultura européia não seria capaz de entrar em diálogo com as grandes culturas da humanidade”, assinalou
Bento XVI afirmou também aos jornalistas, enviando um recado para a sociedade secular, que se concentrar somente na razão é um erro. Segundo o Santo Padre, o desafio para a cultura da Europa é integrar a fé e a racionalidade moderna numa única visão antropológica. “A presença do secularismo é algo normal, mas a separação, a contraposição, entre secularismo e cultura da fé é anômala e deve ser superada”, complementou.
Já no que se refere à esfera econômica, o Papa destacou que um positivismo econômico, que julga poder funcionar sem o componente da ética, criou um “dualismo falso” e, por consequencia, causou um “puro pragmatismo”, que prescinde do caráter ético do homem e “cria problemas insolúveis”.
No entanto, para o pontífice, a culpa desta situação é também da Igreja. “Devemos confessar que a fé católica, cristã, freqüentemente, era muito individualista, deixava as coisas concretas, econômicas ao mundo, e pensava somente na salvação individual, nos atos religiosos, sem ver que estes implicam uma responsabilidade global, uma responsabilidade pelo mundo”, declarou.
Por fim, respondendo a uma pergunta sobre o sofrimento do Papa no contexto da terceira parte do mistério de Fátima, Bento XVI disse que a maior perseguição da Igreja não vem de inimigos externos, mas nasce do pecado na Igreja. “Reaprender” a conversão, a oração, a penitência e as virtudes teologais é o convite do Santo Padre aos membros da Igreja. “Mas a purificação lembra o perdão e a justiça. Nossa Senhora de Fátima é para nós um sinal da presença da fé. A sua mensagem não se reduz aos pequenos, mas que tem uma mensagem para todo o mundo”, concluiu.